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Um tal de "reinventar-se"


Cortei meu cabelo e me desprendi da vida. Acredito que cada pessoa que exista, esteja nesse plano por um propósito. Seja por ter feito algo no passado pelo qual tenha de aprender a lidar agora, para que só assim possa seguir adiante, ou, simplesmente, ser mais um dos anjos que nos trazem paz e nos permitem sentir o melhor que o universo tem a proporcionar. Não acredito que as coisas se limitem a coisas, se limitem a mundo ou a crenças existentes. Nem mesmo ao trabalho diário ou o estudo cotidiano para passar no vestibular, o que, ultimamente, tem sido o que mais ouço falar. Desprender-se do que não é necessário. Reinventar-se para a vida. Reinventar-se para si. Se desprender das amarras que a sociedade impõe. "Mulher só é bonita de cabelo comprido". "Você só é linda quando está maquiada". "Mas você usa maquiagem todos os dias? Não cansa? Homem gosta é da beleza natural". "Não pode usar batom vermelho, é coisa de puta". "E esse decote aí? Ta querendo chamar atenção?". "Chamei de gostosa e ainda me xinga? Não sabe receber elogio mesmo, mal educada". "Mulher minha não fala palavrão, nem usa saia curta". "Aprendeu a cozinhar um prato novo? Já pode casar". "Mulher tem que se dar ao respeito". "Foi para a festa e pegou quantos? Puta". "Olha lá, engravidou jovem. Puta". "Mas você é mãe solteira? A criança vai sentir falta de uma entidade paterna". Dentre demasiados comentários desnecessários a que somos obrigadas a escutar todos os dias, semanas, meses, anos, tempo, vida. Mas não me calo. E não desejo para que se calem também. 
Cortei meu cabelo e me desprendi das amarras. Percebi que preferia ele assim, natural, do jeitinho que Deus fez. Passei a sentir novos ares por dentre os fios da cabeleira, e, só assim, pude perceber o quanto aquilo me fazia bem. Lavar o cabelo, o rosto e sair para a rua assim, de alma limpa, coração cheio e olhar fugaz. A autoestima, antes subestimada apenas ao uso da maquiagem, chapinha, babyliss, dava espaço ao novo, que nada mais era do que o antigo, a antiga eu. Isabella, 12 anos, nunca havia passado um pó para esconder olheiras, um rímel que desse volume aos cílios ou uma chapinha para a alisar os fios. E voltando a ser aquela menininha de 6 anos atrás, eu percebi que já havia deixado de ser. Empoderei-me. Me refiz. E sendo outra, deixo todas as cargas passadas para trás. Sou menina, sou mulher, sou o que faço de mim pelas ações e trejeitos. Queria mudar o mundo. Hoje eu QUERO mudar o mundo. E sinto que vou, de alguma forma. Ainda não achei essa tal "forma". Ela deve estar escondida por aí, mas sou mulher que vai a luta e ganha. Isabella, 18 anos, já saiu para a rua com mais maquiagem do que possam imaginar e ainda sai quando bem entende, porque o corpo, a alma que habita, são inteiramente dela. O cabelo também, nunca deixou de ser. Hoje ela prende num rabo ou ajeita num coque todo bagunçado. Preso ou amarrado, curto ou longo, chapinha ou babyliss. Hoje todas as opções são dela. São coisas básicas que habitam o ser físico e que, muitas vezes, andam juntinhas com a nossa saúde mental.
Entenda que o corpo é seu! A alma é tua! E quem tem que se sentir bem com ele, é você. Tem gente por aí que não se sente bem estando no próprio corpo. Eu ainda sou assim com as gordurinhas a mais. A vida é assim. Um dia estamos bem, no outro já não estamos mais. Um dia você vive e no outro perece a ausência. Estamos e não estamos mais. E é justamente por esse "não sentir-se bem", que acabamos por nos submeter a situações de relacionamento abusivo, não sair-se bem em entrevistas de emprego, dentre outros fatores que podem ser exemplificados.
Você é lindo. Você é incrível. Se force a esses dizeres todos os dias diante ao espelho, sozinho. Trabalhe o ser cheio de luz que há dentro de você. A autoaceitação é um dos principais passos para uma vida feliz, emanando paz e bem-estar em ser aquilo que se é. Nada vale a sua saúde mental.

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